Sei que o mobilizacajuzp é intencionado para falarmos sobre o problema de nosso bairro. Vejo, porém, a necessidade de estarmos informados corretamente sobre a situação política de nosso país.
Visto que os telejornais e os jornais impressos omitem e por muitas vezes, distorcem as informações, tentarei trazer aqui um breve resumi e uma reflexão sobre as manifestações que ocorreram em todo o país.
Professor da rede estadual ferido com bala de borracha no dia 30/06. |
Desde
o ano passado, na campanha eleitoral para prefeito da Cidade do Rio
de Janeiro, os jovens se organizaram para viabilizar uma campanha
igualitária dos candidatos dos partidos de esquerda. Partidos como
PSTU, PSOL e PCB disputaram as eleições de forma desigual contra a
mega aliança de 20 partidos que levaram a eleição do atual
prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Com
a reeleição do atual prefeito, a juventude que se organizou
voluntariamente na campanha do deputado estadual Marcelo Freixo,
(nomeada de Primavera Carioca) encampou um calendário de
manifestações contra a atual política de privatização e remoções,
que fazem parte do programa político de Eduardo Paes. Uma dessas
manifestações encampada pela Primavera Carioca é a luta contra o
aumento das passagens.
Nas
primeiras manifestações contra o aumento das passagens - anunciado
uma semana após a reeleição de Eduardo Paes – o público
presente era, em sua maioria, das organizações de esquerda e dos
movimentos sociais. Alguém lembra da menina que levou choque de um
policial militar durante uma manifestação em frente a Prefeitura?
Pois é, nós lembramos! Apenas 100 pessoas compareceram a este ato.
20/06 |
Após a manifestação alcançar CEM MIL PESSOAS, TODOS OS JORNAIS "mudaram de opinião". Começa então, mais uma vez, a manipulação da pauta. Os jornais que sempre vandalizavam qualquer mobilização social, passaram a exercer o papel de PORTA VOZ das reivindicações sem NINGUÉM ter lhe dado a autoridade.
No dia 20 de junho, mais de 1 milhão de pessoas
foram na Presidente Vargas, marchar até a Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro. As pessoas que foram às ruas, foram "autorizadas" pelos meios de comunicação a irem, pois, todos os jornais traziam a "felicidade" de que o "povo" ia para as ruas. Porém, a resposta a violência policial ou quebrar algo na rua era tido como VANDALISMO.
DIA
20
No
dia 20 de Junho, mais de um milhão de pessoas ocuparam a Avenida Presidente Vargas,
fechando todas as pistas. Num misto de mobilizações diversas,
encontravam-se movimentos sociais, partidos políticos e setores da
classe média. Após a chegada da passeata em frente a Prefeitura
começa o ato de terror orquestrado pelos governos Municipal,
Estadual e Federal.
Primeiramente,
gostaria de esclarecer que não houve algum ataque das pessoas à
Polícia Militar ou a Guarda Municipal. Nos esperavam na Prefeitura a
Tropa de Choque, o Bope, a Guarda Municipal e a Cavalaria. Eu estava em frente a Prefeitura e posso dizer que, o que assustou os cavalos da polícia foram as bombas de gás lacrimogêneo que a Guarda Municipal atirou.
O
primeiro ataque à passeata surgiu de DENTRO da Prefeitura por parte
da Guarda Municipal. A Guarda Municipal lançou bombas da gás
lacrimogêneo por uma arma de longo alcance nas pessoas que estavam
paradas na Presidente Vargas.
A prova de que foi a Guarda Municipal está nesse vídeo:
Começa assim, o terror que durou toda a noite do dia 20 de junho.
A prova de que foi a Guarda Municipal está nesse vídeo:
Começa assim, o terror que durou toda a noite do dia 20 de junho.
As
pessoas que tentaram se retirar da Presidente Vargas, seja pelo
motivo que for, não conseguiam seguir, visto que a Tropa de Choque
cercou as ruas transversais à Presidente Vargas e atacava as pessoas
com bombas e balas de borracha. Em meio a um desespero generalizado,
as luzes da Presidente Vargas foram apagadas, as câmeras da CET-RIO
foram desligadas e os sinais dos celulares, simplesmente
desapareceram.
As
pessoas foram encurraladas pela Tropa de Choque e o Bope por toda e
qualquer rua do centro da cidade. O Caveirão da Polícia Militar e
do Bope e o Blindado da Polícia também foram acionados contra os
manifestantes, sejam eles quem for. O pânico fez com que as pessoas
corressem desesperadamente em qualquer direção. Eu estava em
frente a Prefeitura junto do meu namorado e de dois amigos, quando
jogaram quatro bombas em nós e uma caiu em cima de meu namorado, nós
nos perdemos. Fiquei somente com um amigo que me acompanhou até o
sambódromo. Somente lá encontrei meu namorado, mas perdemos o
quarto membro de nosso grupo.
Tentamos
ir embora pelo Campo de Santana, mas em todas as ruas que entrávamos,
levávamos bombas e balas de borracha da Tropa de Choque. Fomos
seguindo até a Praça Tiradentes. Ficamos em frente ao IBIS HOTEL,
na esperança de que lá não fôssemos alvos das violência do
Choque. Ledo engano, o Choque novamente respondeu a todos com bombas
e balas de borrachas. Tivemos que ir desesperadamente para a Lapa,
passando pela Rua da Carioca e Avenida Rio Branco (não me pergunte
como).
Quando
chegamos aos Arcos da Lapa, achávamos que lá estaríamos a salvo –
por se tratar de um bairro muito frequentado por turistas. Outro
engano, embaixo dos arcos, a Tropa de Choque e o Bope nos cercaram e
atiraram bombas e balas (dessa vez de verdade) contra nós. Ficamos perplexos com tal atrocidade, porém,
tivemos que correr, pois o Caveirão avançava sobre nós.
Dai
em diante, vimos vários bares fecharem suas portas, pessoas que
estavam em bares levaram gás e e balas de borrachas. Turistas e
pessoas que não foram na manifestação se juntavam a nós, correndo
para fugir da violência da Polícia Militar. Pessoas que estavam em
boites e reclamavam com os policiais, também levavam spray de
pimenta, bombas e balas de borracha. Acabamos encurralados numa das
vielas da Lapa. Sem saber o que fazer e com a Tropa de Choque vindo
nos dois lados da rua, invadimos um hotelzinho na Lapa. Nós e um
grupo de 30 pessoas se esconderam no hotel, porém, não durou muito.
Policiais da Tropa de Choque SEM identificação invadiram o hotel e
ameaçaram jogar bombas caso não saíssemos. Todos saíram. Fomos
rendidos pelos policiais. Nesta hora, fomos informados que seríamos
liberados, porém, não podíamos sair juntos. Caso saíssemos
juntos, iríamos levar bomba e balas de borrachas, segundo o policial
da Tropa de Choque.
Vídeo do Hotel:
Visto
o fim de nosso terror, fomos em direção ao Castelo para finalmente
pegarmos um ônibus para ir embora. No caminho porém, vimos um ato
de extrema covardia por parte dos policiais. Ato este que nenhum
veículo de comunicação anunciou : durante a varredura que a Tropa
de Choque realizava pelo centro, bombas e balas de borracha foram
atiradas sobre qualquer pessoa e grupo que estava na rua. Nisto,
vimos um menino que levantou um cartaz perto dos quiosques que ficam
de baixo dos arcos da Lapa. A resposta da Tropa de Choque foi rápida:
dois policiais enforcaram o menino, jogaram-no no chão e lhe deram
socos e pontapés. As pessoas que assistiam a tal fato, gritavam aos
policiais para que parassem com tal atrocidade, e foram recebidas a
bombas e balas.
Vídeo do Choque apreendendo o celular do menino:
Myllena Cunha